A última ave anseriforme, Mergus octosetaceus (Vieillot, 1817), popularmente conhecida como Pato-mergulhão. Segundo os meninos remelentos, lombriguentos, urinadores e mergulhadores amadores de açudes clandestinos, “era um pato maroto e sagaz, que só se divertia não fazendo mal a ninguém”.
O último réptil squamata, Corallus cropanii (Hoge, 1953), carinhosamente conhecido como Jibóia-de-Cropan. O depoimento de uma daquelas lavadeiras tinhosas, com suas imensas barras de sabão vencido, “Já vai tarde... Depois que comeu meu sobrinho e o primo do Claudomiro, filho do caseiro de dona Melinha, da rua lá de baixo”. Nada contra as lavadeiras, mas essas tinhosas são carne de pescoço mesmo, com seroto e tudo!
Os dois últimos anurinhos “bacanas”, Melanophryniscus macrogranulosus (Braun, 1973), sapecamente apelidados de sapinhos-narigudos-de-barriga-vermelha. “Um casalzinho daqueles, bacanas mesmo”, disse um anônimo que chorava em frente a nossa viatura (que inclusive está à venda, ano 00, diesel batizado, com ar quente e sem vidro lateral, caindo aos pedaços, mas dá pra se pagar fazendo frete), no dia que constatamos a oficialidade da extinção destes, enfim... Desculpem...
A despedida dos dois últimos mamíferos, Artiodactyla e Cervidae, causaram pânico nos ambientalistas fervorosos e revoltados com o descaso dos órgãos públicos. Deram um lastimável adeus, hoje à tarde, a Thiaguinho, um blastocerus dichotomus (Illiger, 1815), familiarizado e domesticado erroneamente como Cervo-do-pantanal, ou Cervete Panteneiro (Sergiotte, 2009), e a Pimpão, um Mazama nana (Hensel, 1872), vulgo Veado-bororó-do-sul.
Descansem em paz!
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