Alerta: Recomenda-se um bom dicionário Cearensês, pois a leitura dessa fabuleta nordestina será repleta de verbetes e terminologias nativas da região.
Cleidisson era um menino leso daqueles xôxo, bem pixototinho, praticamente um cotôco de gente. Mesmo filho de um pai galalau, era aquela coisa tronxa, malamanhada que dava até gastura de ver andando de patinete na única calçada de Piriabeba do Sul, interior do Ceará. Aos quatorze anos se emburacou mais Tonisverclides, seu primo torto e cheio de arrodeio, num ônibus para a capital. A vida tava ficando peba e decidiram tentar alguma coisa por lá, nem que fosse ouvir o povo mangar deles. Passaram o primeiro mês lisos feito muriçoca, com as calças foló de tanta magreza. Conseguiram um emprego temporário que deu para enganar alguma coisa, mas os caboco eram tão nó cego que nem as remela tiravam. Era aquele aspecto borocoxô, com as catôta caindo, que logo foram mandados embora. Tempos depois, Tonisverclides se avexou e fugiu com uma moçoila chamada Ivete, meio aluada, cheia de mungango, mas era doida por ele. Já Cleidisson vive aprumado, fazendo presepada naqueles shows de humor de barraca de praia. É casado com Jamidildes, que espera seu décimo oitavo filho. Vai ser avô antes dos 35...
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