Segundo estudos do antropólogo e bungee jumper, Morg Slanders, o maior axioma da vida moderna (ainda não descoberto), é aquele que possui uma fonte inesgotável de infinitos modelos e processos mentais sobre superação filosófica. Em um conjunto de axiomas encontramos sinapses neurais capazes selecionar os que mais se aproximam da realidade e fazer com que se moldem à vida humana. Nada melhor que a famosa parábola de Tsin Tung Stênio para abrilhantar o assunto:
Ao chegar bruscamente, o neurastênico discípulo disse, em tom elevado, ao sábio:
- Não mereço tal tratamento rústico de vossa sapiência!
O sábio, ainda de costas, sentado num pequenino altar, retrucou após uma forte baforada:
- Calma, oh lépido aprendiz. Nada ganharás com esse teu jeito rude e áspero de ser...
- Então por que não te viras para olhar-te olho no olho - Choramingou mais calmo o discípulo.
- Bobagem, pequeno Caruaru defumado. – Exclamou o sábio, virando-se. - Por onde andas com esta cabeça? Ao vento? – Completou o sábio, com um sorriso de soslaio.
Pensativo, o pobre rapaz então perguntou:
- Sinceramente mestre... Não sei a resposta. Posso consultar o oráculo?
O sábio pegou em sua barba acinzentada, cumprida e rala, acenou positivamente com a cabeça, virou-se de costas e disse ao choroso rapazola:
- Eu sou o oráculo...
Então o discípulo saiu da tenda e repetiu trinta e seis vezes o processo, de idas e vindas... Até o dia em que adentrou e percebeu que o sábio não estava mais lá. Teria ele estado em algum momento? Refletiu por quatro horas e assumiu seu lugar, sentando-se lentamente, de costas, no pequenino altar...
Moral da história: Torne-se um oráculo, mesmo sem respostas...
Isso explica o hiato abrupto de 4 anos... Tudo levava a crer num ano Black Sabbathico. Dediquei cento e dois por cento do meu tempo ao estudo aprofundado da Precessão do Periélio de Mercúrio, numa ilha remota. Mas a ideia nunca foi abandona-los, pelo contrário, deixei a produção agendada, primorosa, digna de mantê-los na loucura, e a criatura responsável pela função na minha ausência achou mais interessante montar um time de futebol sênior. Peço-lhes doze mil desculpas, mesmo que seja tarde e você tenha que acordar cedo, sorrindo... A propósito, a escalação de Jurandir na temporada foi: No gol, Pampulha (após contusão de Tino), Pirolíro, Mascate e Zé Tobia na zaga, nas pontas Mãozinha e Pé Gordo, Miolo como centro avante catimbeiro, Seboso de líbero, no ataque, Pedim e Canhota Torta. Começaram bem o ano, mas não diria que terminaram melhores, nem piores... Alguns nem terminaram.
O estudo findou e não pude voltar. Fiquei um ano preso na ilha (fiz um acordo para não citá-la, espero que entendam) após perder o passaporte e diversas tentativas frustradas de escapatória acabei trabalhando durante todo esse tempo ajudando equipes de filmagem da National Geographic. Aprendi muito tendo insolações e urticárias. Até que numa falha de segurança da ilha, consegui embarcar num navio como marujo aprendiz. Lá fiquei os dois anos seguintes, como fisiculturista, físico, futurista e turista, até que atracaram para reparação em terra firme e fiquei para comprar um carregador de telefone e um chip. Só assim pude acessar o blog, gerar nova senha e recomeçar...
Com uma atualizada no layout, aos trancos e barrancos, comemoremos então os 10 anos de Papricantis Neandertalis! A galhofas e chistes continuam, mas devo admitir que se conseguir usar a rede wifi do café perto do quarto que aluguei aqui, irei postar todos os sábados, quartas e eventualmente em datas comemorativas de Neander Town.
Resolvido o imbróglio, estamos de volta, não tão sãos, nem salvos... De nós mesmos.
#10anospapricantis #neanderdecada
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