Todos
nós, exceto alguns membros de uma antiga tribo egípcia, sabemos a importância das leis
naturais, morais, de Newton, da oferta e demanda, etc. Essas não refutadas leis
são frequentemente debatidas em bares próximos às universidades e pilhas de
artigos sobre o assunto estão disponíveis em bibliotecas pouco visitadas. Até a
lei Seca, bem popular ultimamente, e a tão conhecida lei de Murphy são lembradas
ou temidas. Lamentável é o descaso com a importante (e necessária desde a
década da castanha) lei de Farsonsdrawin, que não convém comentar agora e nem
depois, por impedimentos judiciais.
Começo
com esse assunto porque hoje cedo presenciei, mesmo que de longe, um fato envolvendo uma lei única,
universal, paradoxal, que parecia sólida e imutável pelas duas partes
criadoras, os humanos e os pombos. De acordo com estudiosos e frequentadores assíduos
de praças públicas, o pombo sempre alça voo ao perceber a aproximação devida ou
indevida de algum
ser humano, pois não podem adivinhar se o transeunte vai despejar pipoca velha,
ração vencida, pão passado ou se vai usar algum método de maltrato ou assombro
jocoso que ponha em risco a sua vida ou estado de espírito. Em resumo, essa
fuga imediata do pombo atesta seu aguçado instinto de sobrevivência. Até aí
tudo bem, nada de novo, mas assim como os Urubus, que outrora eram chamados de
"ratos alados" e hoje agem em grandes centros urbanos como galinhas granjeiras,
os pombos ficaram modernos. Essa modernidade é superior a um adestramento ou
domesticação costumeira, pois os fazem julgar suas atitudes
e em diversas ocasiões corromper suas próprias leis.
Num
exemplo esclarecedor disso tudo, o pombo ao avistar um veículo automotor
(guiado por um bípede não confiável) também deve alçar voo para bem
longe, deixando para trás até mesmo uma apetitosa refeição no
meio da pista. O ocorrido hoje cedo pôs em cheque a lei e o salto na evolução
da espécie do pombo, que perdeu o timming
de decolagem pelo simples julgamento que fez dessa ação. O resultado foi uma
pancada no cárter do carro e o sumiço do pombo...
Este
incidente nos apresenta duas hipóteses. A primeira, de que o pombo conseguiu
voar, meio que atordoado após a colisão, sem que o motorista tivesse
conhecimento. A segunda, de que o pombo veio a óbito com o forte choque. Nessa
última hipótese temos um impasse sobrenatural que chega a intrigar os mais
conceituados pesquisadores da área. Se a ave pereceu, o seu corpo deveria estar
na pista e o mesmo não estava.
Afirmações
como: “Os pombos se desintegram quando morrem”, “Pombo não existe. É fruto de
nossa imaginação ultrapassada”, começaram a movimentar dezenas de debates
dentro e fora da mídia, gerando desentendimentos entre famílias, militares não-reformados, times de
futebol society e movimentos
estudantis azarões. E o lado humano onde fica? O ex-palhaço em reabilitação, que
conduzia o furgão com brindes de aniversário para um evento beneficente
qualquer, permanece com um estranho sentimento de culpa e preocupado com as
ameaças que vem recebendo da Sociedade Protetora das Aves Urbanas, SOPRAVURB.
Leitura
recomendada:
- "O Julgamento Incondicional e Irreversível dos Pombos Contemporâneos", Dr. Ermírio L. Santoso. Editora Carcomanus.
- "Pombos, Praças e Pestes na Era Digital", Prof. Kleiyton Damascenno. Editora Fóquer.
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